Ano da Fé 2012/2013
A
FÉ EM PERIGO
Dia 11 de
outubro próximo, tem início o Ano da Fé, estabelecido
pelo Papa Bento
XVI. A data coincide com a comemoração dos 50 anos da abertura
do Concílio
Vaticano II e dos 20 anos da publicação do Catecismo
da Igreja Católica.
Quando
estava em Roma, no ano 2001, assisti
admirado, na Praça de São Pedro, à chegada de milhares de
fiéis do movimento Kolping,
vindos da Alemanha, sobretudo
homens, cantando com entusiasmo contagiante. Comentei então
com um Cardeal alemão
que estava ao meu lado: “Diante disso, Eminência, não se pode
dizer que a
Alemanha não seja um país católico!” Ele, porém, observou,
acalmando um pouco o
meu entusiasmo: “É, mas a Fé sempre corre perigo!”. Era o
Cardeal Joseph Ratzinger,
prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.
O Papa tem se mostrado
preocupado com a crise
da Fé: “Desde o princípio do meu ministério como Sucessor de
Pedro, lembrei a
necessidade de redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar,
com evidência
sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro
com Cristo... Sucede
não poucas vezes que os cristãos sintam maior preocupação com
as consequências
sociais, culturais e políticas da fé do que com a própria fé,
considerando esta
como um pressuposto óbvio da sua vida diária. Ora, tal
pressuposto não só
deixou de existir, mas frequentemente acaba até negado.
Enquanto, no passado,
era possível reconhecer um tecido cultural unitário,
amplamente compartilhado
no seu apelo aos conteúdos da fé e aos valores por ela
inspirados, hoje parece
que já não é assim em grandes sectores da sociedade devido a
uma profunda crise
de fé que atingiu muitas pessoas. Não devemos aceitar
que o sal se torne
insípido e a luz fique escondida... Devemos readquirir o gosto
de nos alimentarmos da Palavra de Deus, transmitida fielmente
pela Igreja, e do Pão da vida, oferecidos como sustento de
quantos são seus discípulos...” (Carta Apostólica Porta Fidei, pela qual Bento XVI proclama o Ano
da Fé).
Nesse momento, reúne-se
com o Santo Padre em
Roma a XIII Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, tendo por
tema “A nova evangelização
para a transmissão da fé cristã”.
O que moveu o Papa a essa
nova evangelização ele
já havia lembrado no discurso inaugural da Conferência do
CELAM, em Aparecida:
“Percebe-se certo enfraquecimento da vida cristã no conjunto
da sociedade e da
própria pertença à Igreja Católica”. Na mesma linha, os Bispos
do CELAM escreveram:
“O Santo Padre nos responsabilizou ainda mais, como Igreja, na
grande tarefa de
proteger e alimentar a fé do povo de Deus... Nas últimas
décadas vemos com
preocupação, que numerosas pessoas perdem o sentido
transcendental de suas
vidas e abandonam as práticas religiosas... Não
resistiria aos embates
do tempo atual uma fé católica reduzida a uma bagagem, a um
elenco de algumas
normas e de proibições, a práticas de devoção fragmentadas, a
adesões seletivas
e parciais das verdades da fé, a uma participação ocasional em
alguns
sacramentos, à repetição de princípios doutrinais, a moralismos
brandos ou
crispados que não convertem a vida dos batizados. Nossa
maior ameaça é o
medíocre pragmatismo da vida cotidiana da Igreja, no qual,
aparentemente, tudo
procede com normalidade, mas na verdade a fé vai se desgastando
e degenerando
em mesquinhez” (Documento de Aparecida, n. 7, 12, 100 f).
Leia a Carta Apostólica
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