21 Abr 2011 - Quinta Feira Santa - Instituição da Ssma. Eucaristia e do Sacerdócio


"A liturgia de Quinta-Feira Santa é riquíssima de conteúdo. É o grande dia da instituição da Sagrada Eucaristia, dom do Céu para os homens; o dia da instituição do sacerdócio, nova prenda divina que assegura a presença real e atual do Sacrifício do Calvário em todos os tempos e lugares, tornando possível que nos apropriemos dos seus frutos.


Aproximava-se o momento em que Jesus ia oferecer a sua vida pelos homens. Tão grande era o seu amor, que na sua Sabedoria infinita encontrou o modo de ir e de ficar, ao mesmo tempo. São Josemaria, ao considerar o comportamento dos que se vêem obrigados a deixar a sua família e a sua casa, para procurar emprego em outro lugar, comenta que o amor humano costuma recorrer aos símbolos. As pessoas que se despedem trocam lembranças entre si, talvez uma fotografia… Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito Homem, não deixa um símbolo, mas uma realidade. Fica Ele mesmo. Embora vá para o Pai, permanece entre os homens. Sob as espécies do pão e do vinho está Ele, realmente presente, com o seu Corpo, o seu Sangue, a sua Alma e a sua Divindade.


Como responderemos a esse amor imenso? Assistindo com fé e devoção à Santa Missa, memorial vivo e atual do Sacrifício do Calvário. Preparando-nos muito bem para comungar, com a alma bem limpa. Visitando Jesus com freqüência, escondido no Sacrário.


A primeira leitura da Missa, recorda o que Deus estabeleceu no Antigo Testamento, para que o povo israelita não se esquecesse dos benefícios recebidos. Desce a muitos detalhes: desde como devia ser o cordeiro pascoal, até aos pormenores que tinham de cuidar para recordar a passagem do Senhor. Se isso se prescrevia para comemorar alguns acontecimentos históricos, que eram só uma imagem da libertação do pecado realizada por Jesus Cristo, como deveríamos comportar-nos agora, quando verdadeiramente fomos resgatados da escravidão do pecado e feitos filhos de Deus!


Esta é a razão por que a Igreja nos inculca um grande esmero em tudo o que se refere à Eucaristia. Assistimos ao Santo Sacrifício todos os domingos e festas de guarda, sabendo que estamos participando numa ação divina?


São João relata que Jesus lavou os pés dos discípulos, antes da Última Ceia. Temos de estar limpos, na alma e no corpo, e aproximarmos para recebê-lo com dignidade. Para isso nos deixou o Sacramento da Penitência.


Comemoramos também a instituição do sacerdócio. É um bom momento para rezar pelo Papa, pelos Bispos, pelos sacerdotes, e para rogar que haja muitas vocações no mundo inteiro. Pediremos melhor na medida em que tenhamos mais diálogo com esse Jesus, que instituiu a Eucaristia e o Sacerdócio. Vamos dizer, com total sinceridade, o que repetia São Josemaria: Senhor, põe no meu coração o amor com que queres que eu te ame.


Na cena de hoje Nossa Senhora não aparece fisicamente, ainda que estivesse em Jerusalém naqueles dias: encontrá-la-emos amanhã ao pé da Cruz. Mas já hoje, com a sua presença discreta e silenciosa, acompanha muito de perto o seu Filho, em profunda união de oração, de sacrifício e de entrega. João Paulo II assinala que, depois da Ascensão do Senhor ao Céu, participaria assiduamente nas celebrações eucarísticas dos primeiros cristãos. E acrescenta o Papa: “aquele corpo, entregue em sacrifício e presente agora nas espécies sacramentais, era o mesmo corpo concebido no seu ventre! Receber a Eucaristia devia significar para Maria quase acolher de novo no seu ventre aquele coração que batera em uníssono com o dEla” (Ecclesia de Eucharistia, 56).


Também agora Nossa Senhora acompanha Cristo em todos os sacrários da terra. Peçamos-lhe que nos ensine a ser almas de Eucaristia, homens e mulheres de fé segura e de piedade forte, que se esforçam por não deixar Jesus só. Que saibamos adorá-lo, pedir-lhe perdão, agradecer os seus benefícios, fazer-lhe companhia.

 Tríduo Pascal




Estamos próximos da vigília do Tríduo Pascal. Os próximos três dias são comumente chamados de santos porque nos fazem reviver o evento central da nossa Redenção; reconduzem-nos, de fato, ao núcleo essencial da fé cristã: a paixão, a morte e a ressurreição de Jesus Cristo. São dias que poderemos considerar com um único dia: eles constituem o coração e o fulcro de todo ano litúrgico, como também da vida da Igreja. Ao término do itinerário quaresmal, estamos prestes também nós a entrar no próprio clima que Jesus viveu então em Jerusalém.

Queremos redespertar em nós a viva memória do sofrimento que o Senhor padeceu por nós e nos preparar para celebrar com alegria, no próximo domingo, a verdadeira Páscoa, que o Sangue de Cristo cobriu de glória, a Páscoa na qual a Igreja celebra a Festa que é a origem de todas as festas, como diz o Prefácio para o dia de Páscoa
"Ó abismo da riqueza, da sabedoria e da ciência de Deus! Como são insondáveis seus juízos e impenetráveis seus caminhos!... Porque tudo é dele, por ele e para ele. A ele a glória pelos séculos! Amém” (Rm 11, 33.36).

A expressão de maravilha e de louvor por parte de São Paulo Apóstolo, diante do mistério da aliança irrevogável de Deus com Israel - aliança que vai além da sua infidelidade - e do chamado dos pagãos a participarem da sua plena realização na morte e ressurreição de Cristo, bem interpreta os sentidos mais profundos da Igreja ao celebrar o solene Tríduo Pascal. Este evento Pascal é a fonte divina e perene da sua vida, assim como do caminho espiritual desenvolvido ao longo do ano litúrgico. A Igreja nos convida a entrar em atitude de maravilha e adoração.


A Quinta-feira santa:
“Jesus... tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim”

A missa do Crisma, celebrada na manhã pelo bispo em sua catedral, reunido com todo clero e do povo, encerra a quaresma  e consagraga os Santos Óleos,  destinados aos catecúmenos  - usados especialmente durante a grande vigília pascal - e na administração dos Sacramentos do Batismo e a da Extrema Unção.

A Missa da Ceia do Senhor, a tarde (Ex 12, 1-14; 1 Cor 11, 23-26; Jo 13, 1-15), abre o Tríduo, recordando o gesto de amor e de humildade com que Jesus, o Mestre e o Senhor, lava os pés de seus discípulos e determina o novo mandamento : 


"Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo ao Pai, havendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim".  É um preâmbulo ternamente afetuoso, paralelo ao do relato de São Lucas: Ardentemente - afirma o Senhor - desejei comer convosco esta páscoa, antes de padecer.




"O Senhor pode o que nós não podemos. Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito Homem, não nos deixa um símbolo, mas a própria realidade: fica Ele mesmo. Irá para o Pai, mas permanecerá com os homens. Não nos deixará um simples presente que nos lembre a sua memória, uma imagem que se dilua com o tempo, como a fotografia que em breve se esvai, amarelece e perde sentido para os que não tenham sido protagonistas daquele momento amoroso. Sob as espécies do pão e do vinho encontra-se o próprio Cristo, realmente presente com seu Corpo, seu Sangue, sua Alma e sua Divindade. (1)


"Como compreendemos agora o clamor incessante dos cristãos, em todos os tempos, diante da Hóstia santa! Canta, ó língua, o mistério do Corpo glorioso e do Sangue precioso que o Rei de todos os povos, nascido de Mãe fecunda, derramou para resgate do mundo. É preciso adorar devotamente este Deus escondido. Ele é o mesmo Jesus Cristo que nasceu de Maria Virgem; o mesmo que padeceu e foi imolado na Cruz; o mesmo de cujo peito trespassado jorraram água e sangue."(2)


Este é o sagrado banquete em que se recebe o próprio Cristo, se renova a memória da sua Paixão e, por meio dEle, a alma chega a um convívio íntimo com o seu Deus e possui um penhor da glória futura. Assim resumiu a liturgia da Igreja, em breves estrofes, os capítulos culminantes da história da caridade ardente que o Senhor nos dispensa (3)


(1,2,3 - S.José Maria Escrivá - "E Cristo que Passa - Eucaristia Mistério de Fé e de Amor)

A Sexta-feira santa: Paixão e Morte do Senhor
É o Exaltado na cruz que tudo o atrai a si, quando os homens voltam a ele o olhar."

"A tarde de Sexta-feira Santa apresenta o drama imenso da morte de Cristo no Calvário. A cruz erguida sobre o mundo segue de pé como sinal de salvação e de esperança. Com a Paixão de Jesus segundo o Evangelho de João comtemplamos o mistério do Crucificado, com o coração do discípulo Amado, da Mãe, do soldado que lhe traspassou o lado.


"São João, teólogo e cronista da paixão nos leva a comtemplar o mistério da cruz de Cristo como uma solene liturgia. Tudo é digno, solene, simbólico em sua narração: cada palavra, cada gesto. A densidade de seu Evangelho agora se faz mais eloqüente. E os títulos de Jesus compõem uma formosa Cristologia. Jesus é Rei. O diz o título da cruz, e o patíbulo é o trono onde ele reina. É a uma só vez, sacerdote e templo, com a túnica sem costura com que os soldados tiram a sorte. É novo Adão junto à sua Mãe, nova Eva, Filho de Maria e Esposo da Igreja. É o sedento de Deus, o executor do testamento da Escritura. O Doador do Espírito. É o Cordeiro imaculado e imolado, o que não lhe romperam os ossos. É o Exaltado na cruz que tudo o atrai a si, quando os homens voltam a ele o olhar."



"A Mãe estava ali, junto à Cruz. Não chegou de repente no Gólgota, desde que o discípulo amado a recordou em Caná, sem ter seguido passo a passo, com seu coração de Mãe no caminho de Jesus. E agora está ali como mãe e discípula que seguiu em tudo a sorte de seu Filho, sinal de contradição como Ele, totalmente ao seu lado. Mas solene e majestosa como uma Mãe, a mãe de todos, a nova Eva, a mãe dos filhos dispersos que ela reúne junto à cruz de seu Filho."


"A maternidade de Maria tem o mesmo alcance da redenção de Jesus. Maria comtempla e vive o mistério com a majestade de uma Esposa, ainda que com a imensa dor de uma Mãe. São João a glorifica com a lembrança dessa maternidade. Último testamento de Jesus. Última dádiva. Segurança de uma presença materna em nossa vida, na de todos. Porque Maria é fiel à palavra: Eis aí o teu filho."


"O soldado que traspassou o lado de Cristo no lado do coração, não se deu conta que cumpria uma profecia, e  que realizava um último, estupendo gesto litúrgico. Do coração de Cristo brota sangue e água. O sangue da redenção, a água da salvação. O sangue é sinal daquele maior amor, a vida entregue por nós, a água é sinal do Espírito, a própria vida de Jesus que agora, como em uma nova criação derrama sobre nós."


"Na Sexta Feira Santa não se celebra a missa em todo o mundo. O altar é iluminado sem mantel, sem cruz, sem velas nem adornos. Recordamos a morte de Jesus. Os ministros se prostram no chão frente ao altar no começo da cerimônia. São a imagem da humanidade rebaixada e oprimida, e ao mesmo tempo penitente que implora perdão por seus pecados."


Sábado Santo  - Vigília Pascal -

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