02 de Novembro, 2015 - Solenidade dos Fiéis Defuntos

Esta festa responde a uma larga tradição de fé na Igreja: orar por aqueles fiéis que acabaram sua vida terrena e que se encontram ainda em estado de purificação no Purgatório.

O Catecismo da Igreja Católica nos recorda que os que morrem em graça e amizade de Deus mas não perfeitamente purificados, passam depois de sua morte por um processo de purificação, para obter a completa formosura de sua alma.

A Igreja chama "Purgatório" a essa purificação; e para falar de que será como um fogo purificador, apóia-se naquela frase de São Paulo que diz: "a obra de cada um será posta em evidência. O dia torna-la-á conhecida, pois ele se manifestará pelo fogo e o fogo provará o que vale a obra de cada um."(1Cor 3, 13).

A prática de orar pelos defuntos é extremamente antiga. O 2º livro dos Macabeus no Antigo Testamento diz: "Eis por que ele mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos do seu pecado" (2Mac. 12, 45); e seguindo esta tradição, a Igreja desde os primeiros séculos teve o costume de orar pelos defuntos.

A respeito, São Gregório Magno afirma: "Se Jesus Cristo disse que há faltas que não serão perdoadas nem neste mundo nem no outro, é sinal de que há faltas que sim são perdoadas no outro mundo. Para que Deus perdoe os defuntos das faltas veniais que tinham sem perdoar no momento de sua morte, para isso oferecemos missas, orações e esmolas por seu eterno descanso".

Estes atos de piedade são constantemente alentados pela Igreja.

Fonte : ACI Digital

O Tratado do Purgatório de Santa Catarina


Santa Catarina (1447-1510) nasceu em Gênova, filha de Francisca di Negro e Tiago Fieschi, então vice-rei de Nápoles sob Renato d’Anjou. Escreveu a obra O Tratado do Purgatório, em cujo prólogo se declara que ela foi “colocada no purgatório do ardente amor divino, que a queimava e a purificava de tudo aquilo que era possível purificar”.

"Nenhum contentamento pode ser comparado ao das almas do purgatório, a não ser o dos santos do Céu. Esse contentamento aumenta sem cessar pelo embebimento de Deus nas almas à medida em que os impedimentos desaparecem.

Tais impedimentos (para se unir a Deus) são as manchas do pecado, e o fogo os consome sem “saudade”, de sorte que a alma, neste estado, se abre continuamente para receber a divina comunicação. (Cap. II)

Quando Deus encontra uma alma se esforçando para retornar à pureza e simplicidade na qual foi criada, Ele intensifica nela a aspiração beatífica e acende no seu coração um ardor de caridade tão forte e tão impetuoso que qualquer obstáculo entre a alma e o seu fim se torna insuportável a ela. Assim quanto mais a visão de Deus é clara, maior o sofrimento. (Cap.III)

Suponhamos que no mundo inteiro, para mitigar a fome de cada criatura, haja apenas um pão e que mais nada além dele as satisfaça. O homem na sua saúde tem, por natureza, o instinto da alimentação. Mas, supondo-o capaz de se abster de comer sem morrer e sem perder suas forças e sua saúde, sua fome crescerá cada vez mais.

Ora, sabendo que somente aquele pão o poderá satisfazer e que enquanto não o tiver atingido sua fome não poderá ser aquietada, ele sofrerá penas intoleráveis, que aumentarão na medida em que ele se encontrar mais afastado. E se estiver certo de jamais o comer, seu inferno será tão completo como o dos condenados que, famintos de Deus, não têm nenhuma esperança de ver jamais o “pão da vida”.

Mas as almas do purgatório têm a esperança certa de ver a Deus e dele se saciar inteiramente. É o porque elas suportam a fome e sofrem todas as penas, até o momento em que entraram na eterna possessão do “pão de vida”, que é Nosso Senhor Jesus Cristo, nosso amor. (Cap. VI).

No que concerne a Deus, vejo que o Paraíso não tem portas e pode-se nele entrar que quiser, porque Deus é todo misericórdia e seus braços estão sempre abertos para nos receber na glória.

Mas a divina essência é tão pura – infinitamente mais pura do que a imaginação possa conceber – que a alma, encontrando em si a mais leve imperfeição, se lançaria por si mesma num milhão de infernos antes que aparecer impura na presença da divina Majestade. Percebendo então que o purgatório foi criado para a purificar, ela se lança nele, por si mesma, e aí encontra esta grande misericórdia: a destruição de suas faltas. (Cap. VIII)

A alma quanto mais é purificada, mais perfeitamente ela se une a Deus. Assim age o fogo divino na alma. Deus a mantém nas chamas até que cada imperfeição seja extinta.Realizado isto, a alma repousa completamente em Deus, tendo a Ele mesmo por seu ser. (Cap. X)

As almas do purgatório estão tão voltadas e transformadas em Deus que elas estão sempre contentes com sua adorável vontade. E se um alma experimentasse aproximar-se de Deus na visão beatífica com uma ínfima mancha, ela se sentiria nisso uma terrível injúria e um sofrimento maior do que permanecendo no purgatório. (Cap. XIV)

As almas do purgatório, enquanto sofrem de bom grado seus tormentos, elas constatam que Deus foi muitíssimo bom para com elas, considerando o que elas mereceram e o quanto foram grandes suas ofensas a seus olhos.

Se a bondade de Deus não temperasse sempre a justiça com a misericórdia (satisfazendo-a com o precioso sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo), um só pecado mereceria um milhão de infernos. Elas sofrem suas penas com tanto agrado que não quereriam mitigá-las um mínimo, julgando quanto justamente elas as mereceram.

Elas não resistem mais à vontade de Deus uma vez que, tão brevemente, estarão na possessão do Céu. (Cap. XVI)

Esta forma de purificação segundo a qual eu vejo aplicada às almas do purgatório, eu experimento em mim mesma nos dois últimos anos e cada dia eu a vejo e sinto mais e mais claramente.

Minha alma parece viver no meu corpo como num purgatório verdadeiramente semelhante ao purgatório real, com a única diferença que são sofrimentos que o corpo possa aguentar sem morrer, mas que crescem gradual e continuamente conquanto que ele não pereça. (Cap. XVII)

Finalmente, para concluir, compreendamos bem que tudo quanto é humano é totalmente aperfeiçoado por nosso Deus todo poderoso e misericordioso, e que esta é a ação do purgatório. (Cap. XVII)

Fonte: Sainte Catherine de Genes (Santa Catarina de Gênova), Traté du Purgatoire – Éditions de l’Emmanuel, 1992 – Paris

Santoral Carmelitano - Novembro


05 de Novembro - Beata Francisca de Abósia (Francesca D`Amboise) 

07 de Novembro - Beato Francisco Palau y Quer

08 de Novembro - Beata Elizabeth da Trindade

Em breve :

Dia 14 - Todos od Santos Carmelitas

Dia 15  - Todas as Almas dos Fiéis Defuntos da Ordem do Carmo

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