Solenidade de Nossa Senhora do Lourdes


No dia 11 de fevereiro de 1858, a Santíssima Virgem Maria aparecia à humilde Bernadete Soubirous, para pedir à Igreja oração e penitência pela conversão dos pecadores. As mensagens de Nossa Senhora, saídas da gruta de Massabielle, nos arredores da cidade francesa de Lourdes, até hoje ecoam no coração dos fiéis que, maravilhados com o amor da Mãe que veio ao encontro de Santa Isabel e vem, agora, ao encontro de seu povo, peregrinam à França buscando alívio para o corpo e para a alma.

O filme narra a vida de Bernadete de Soubirous e as aparições de Nossa Senhora em Lourdes, França, onde ela revela sua Imaculada Conceição. Bernadete, jovem pobre e simples, é desacreditada pelas autoridades, mas os milagres de Nossa Senhora e a fé do povo que acorre a ela comprovam a verdade das aparições e a validade dos milagres. Bernadete não se deixou dominar pelo medo das acusações, testemunhou a verdade dos fatos até o fim de sua vida.

Homilia



1. Uma intensa luz, brilha sobre a página mais negra da nossa história humana e divina! Ali, onde abundou o pecado e a desobediência do Homem e da Mulher, sobreveio, como uma luz intensa, na mais densa noite dos tempos, a promessa da salvação, a garantia da nossa cura e da nossa libertação! Ali, onde a humanidade falhou, num abuso de liberdade criada, Deus não abandonou à desgraça a sua criatura! A história do pecado original faz brilhar, sobre os escombros da miséria humana, a promessa do amor divino, verdadeira luz invencível.

2. Mas que nos diz afinal, e de essencial, esta história, tão antiga e sempre nova, do pecado original?

Ela, de algum modo, desenha-nos um forte contraste de luzes e de sombras, a partir do coração do homem! A pessoa humana, é «capaz de Deus» e de viver em comunhão com Ele. Essa é a sua vocação original. Mas a mesma criatura humana é também vulnerável, na sua liberdade, a ponto de se deixar seduzir pelo mal e de se furtar ao amor de Deus! Esta contradição, no mais íntimo do ser da pessoa, não é um dogma nem uma teoria. Cada um de nós a experimenta todos os dias. Disse-o com toda a sinceridade o Apóstolo Paulo: “Não faço o bem que quero e faço o mal que não desejo” (Rom.7,18-19) O mal existe simplesmente! E sobre isso, não há sombra de dúvida! Como consequência deste poder do mal, desenvolveu-se, desde as origens e ao longo dos séculos, um rio sujo, que envenena a geografia da história humana! Estamos assim, perante dois mistérios: o da luz e o da escuridão!

3. Como mistério da luz, podemos enunciar esta primeira certeza da fé: não há neste mundo, dois princípios, um bom e um mau! Há um só princípio, um só Deus criador! E este princípio é bom, unicamente bom, sem sombra de mal. E por isso também o ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, não é uma mistura de bem e de mal! O ser humano, como tal, é bom, e por isso é bom existir, é bom viver! Este é o alegre anúncio da fé: só há uma fonte boa, Deus Criador, do qual recebemos tudo o que somos e vivemos. E por isso, viver é um bem! É bom ser homem, é bom ser mulher!




4. Mas paira ainda sobre nós, e tão densamente, o mistério do mal. Como foi possível, como aconteceu? Isso permanecerá, sempre obscuro para nós, tão obscuro e irracional, como é a escuridão do próprio mal! A imagem, descrita na primeira leitura, poderá ajudar-nos a intuir algo da origem desse mal, mas não pode explicar o que, em si mesmo, não tem lógica. O que podemos saber, no meio de toda esta escuridão, é que o mal não provém do próprio ser de Deus, nem pertence ao ser da pessoa. O pecado permanece como uma marca de origem, mas não como um defeito de fabrico! O mal vem e provém de uma liberdade abusada!

Mas, ainda assim, neste jogo de luzes e sombras, Deus, com a sua luz, é sempre mais forte. E por isso, o mal pode ser superado. A criatura humana pode ser curada. Para isso, Cristo veio a este mundo e fez brotar, para nós, uma fonte de graça, abriu, no mar das nossas desgraças, um rio de luz!

5. Meus queridos irmãos: Estamos em Advento e todos nos propusemos ser e receber dessa luz, que é Jesus! Essa luz, aliás, já brilha e devemos abrir os olhos do coração para a vermos e assim entrarmos nesse rio da luz. Mas este caminho, com frequência, torna-se escuro, duro e cansativo, porque a noite escura do mal é ainda muito forte.

Por isso, para chegarmos a ser e a receber esta Luz, precisamos de luzes próximas de nós, de pessoas que reflictam a luz de Cristo e iluminem o nosso caminho a percorrer!

E que pessoa mais luminosa do que Maria? Quem, melhor, do que Maria, pode ser para nós essa “estrela de esperança (cf. Enc. Spe salvi, 49) que nos guia? Ela é a primeira criatura, redimida pela Luz, daquele que veio a dar à Luz. Com o seu "sim", Maria consentiu, que a Luz de Deus entrasse neste mundo. Por meio dEla, Deus fez-se carne, entrou na história, como nova fonte do bem! Por isso, animados por filial confiança, pedimos-lhe:

"Maria, Estrela da nossa esperança, indica-nos o caminho da Luz. Tu, nossa companheira, no caminho para a luz, brilha sobre nós! Tu que trepidante nos esperas nessa luz sem ocaso, guia-nos nas dificuldades de cada dia, agora e na hora da nossa morte. Amém!"

Homilia na Solenidade da Imaculada Conceição 2008
Fonte : ABC da Catequese


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