16/04/2012 - O Domingo da Misericórdia

 "No dia 30 de abril do ano 2.000, o Santo Padre João Palo II, na canonização de Santa Faustina, proclamou o domingo de hoje, segundo da páscoa, como o domingo da Divina Misericórdia: "É importante, então, que acolhamos inteiramente a mensagem que nos vem da palavra de Deus neste segundo Domingo de Páscoa, que de agora em diante na Igreja inteira tomará o nome de "Domingo da Divina Misericórdia". O Santo Padre pronunciou essas palavras depois de algumas considerações sobre a misericórdia divina, devoção característica de Santa Faustina.

Dai graças ao Senhor, porque ele é bom; "eterna é a sua misericórdia!"

A casa de Israel agora o dia: "Eterna é a sua misericórdia!" A casa de Aarão agora o dia: "Eterna é a sua misericórdia!" Os que temem o Senhor agora o digam: "Eterna é a sua misericórdia!"

A mão direita do Senhor fez maravilhas, a mão direita do Senhor me levantou, a mão direita do Senhor fez maravilhas!

(Sl 117)


Não morrerei, mas, ao contrário, viverei para cantar as grandes obras do Senhor! O Senhor severamente me provou, mas não me abandonou às mãos da morte.

A pedra que os pedreiros rejeitaram tornou-se agora a pedra angular. Pelo Senhor é que foi feito tudo isso: que maravilhas ele fez a nossos olhos! Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos!


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Reproduzo, com breves comentários, alguns trechos da homilia do Santo Padre na ocasião. “Antes de pronunciar estas palavras, - Jo 20,21 - Jesus mostra as mãos e o lado. Isto é, indica as feridas da Paixão, sobretudo a chaga do coração, fonte onde nasce a grande onda de misericórdia que inunda a humanidade. Daquele Coração a Irmã Faustina Kowalska, a Bem-aventurada a quem de agora em diante chamaremos Santa, verá partir dois fachos de luz que iluminam o mundo”. "Os dois raios, explicou-lhe certa vez o próprio Jesus, representam o sangue e a água”.



A água nos lembra o Batismo e o dom do Espírito Santo e o sangue a Eucaristia. E é o próprio Cristo que manda Santa Faustina proclamar para o mundo inteiro a misericórdia que jorra de seu coração. Esta mensagem Jesus a confiou à Santa Faustina no tempo entre a primeira e a segunda guerra mundiais, tempo de grandes sofrimentos que antecipavam outros maiores ainda. “Jesus disse à Irmã Faustina: ‘A humanidade não encontrará paz, enquanto não se voltar com confiança para a misericórdia divina’ (Diário, pág. 132). Através da obra da religiosa polaca, esta mensagem esteve sempre unida ao século XX, último do segundo milênio e ponte para o terceiro. Não é uma mensagem nova, mas pode-se considerar um dom de especial iluminação, que nos ajuda a reviver de maneira mais intensa o Evangelho da Páscoa, para o oferecer como um raio de luz aos homens e às mulheres do nosso tempo” E o Santo Padre se pergunta: “O que nos trarão os anos que estão diante de nós? Como será o futuro do homem sobre a terra? A nós não é dado sabê-lo. Contudo, é certo que ao lado de novos progressos não faltarão, infelizmente, experiências dolorosas. Mas a luz da misericórdia divina, que o Senhor quis como que entregar de novo ao mundo através do carisma da Irmã Faustina, iluminará o caminho dos homens do terceiro milênio”. E continua: “Assim como os Apóstolos outrora, é necessário, porém, que também a humanidade de hoje acolha no cenáculo da história Cristo ressuscitado, que mostra as feridas da sua crucifixão e repete: A paz seja convosco! É preciso que a humanidade se deixe atingir e penetrar pelo Espírito que Cristo ressuscitado lhe dá. É o Espírito que cura as feridas do coração, abate as barreiras que nos separam de Deus e nos dividem entre nós, restitui ao mesmo tempo a alegria do amor do Pai e a da unidade fraterna.”



Aí está, irmãos, a grande mensagem desse domingo. As dores da humanidade, fruto de seus pecados, só podem encontrará remédio se todos os seres humanos se abrirem para a misericórdia divina que se derrama sobre o mundo do coração de Jesus ressuscitado. A paz começa com o perdão dos pecados, ou seja, com a experiência do amor de Deus que nos pacifica desde as profundidades abissais de nosso espírito. Depois ela se estende aos irmãos de humanidade vistos agora com os olhos da divina misericórdia plantada em nós pelo dom do Espírito Santo. Santa Faustina viveu intensamente essa experiência, como nos atesta o Santo Padre: “A Irmã Faustina Kowalska deixou escrito no seu Diário: ‘Sinto uma tristeza profunda, quando observo os sofrimentos do próximo. Todas as dores do próximo se repercutem no meu coração; trago no meu coração as suas angústias, de tal modo que me abatem também fisicamente. Desejaria que todos os sofrimentos caíssem sobre mim, para dar alívio ao próximo’ (pág. 365). Eis a que ponto de partilha conduz o amor, quando é medido segundo o amor de Deus!”.



Também nosso olhar sobre o mundo criado pode se modificar e nós aprenderemos a respeitá-lo e a cuidar dele como de nossa própria casa e também casa de Deus. Hoje, em nosso país, preocupa-nos de forma especial o flagelo da violência que vem ceifando tantas vidas inocentes - deve preocupar-nos também a tentativa de legalizar a violência horrorosa do aborto – e o processo progressivo de degradação do meio ambiente. E, no mundo, os conflitos que explodem em violência, fruto da injustiça e do ódio instalado no coração de muitos povos. È hora de lutar pela paz. Comece, entretanto, em seu coração, em sua casa, em sua comunidade. É preciso desejar a paz com a sede de quem caminha no deserto e transformar essa sede em súplica. No Cristo ressuscitado está a fonte, única capaz de matar essa sede. Repita sempre: “Jesus eu confio em vós”.



Dom Eduardo Benes
Arcebispo de Sorocaba - SP
 

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