31 de Outubro - Solenidade de Cristo Rei


Salmo II

Por que bramaram as nações E os povos tramam vãs conspirações? 
  Erguem-se os reis da terra E, unidos, os príncipes se insurgem
Contra o Senhor e contra seu Cristo."Quebremos seu jugo", disseram eles, "E sacudamos para longe de nós seus vínculos que nos atam". Aquele, porém, que habita nos céus, se ri,  O Senhor faz troça deles.Dirigindo-se a eles em sua cólera, Ele os aterra com seu furor: "Eu, porém, fui constituído rei em Sião, meu monte santo.

Vou publicar o preceito do Senhor:
Disse-me o Senhor: Tu és meu filho, eu hoje te gerei. Pede-me; dar-te-ei por herança as nações; Tu possuirás os confins do mundo, Tu as governarás com cetro de ferro,Tu as desfarás como um vaso de argila". Agora, ó reis, compreendei istoInstruí-vos, ó vós que julgais a terra. Servi ao Senhor com temor E exultai em sua presença com tremor; Acolhei a disciplina para que não se irrite  E não pereçais fora do caminho justo. Pois, quando, em breve, se acender sua cóleraBem-aventurados todos os que nele confiam.

Reflexão


“O cordeiro que foi imolado é digno de receber o poder, a divindade, a sabedoria, a força e a honra. A ele glória e poder através dos séculos”. (Ap 5,12;1,6)


"Meus querisdos irmãos, chegamos, enfim, ao término do tempo litúrgico chamado Tempo Comum. Com a solenidade deste domingo, queremos dizer que Jesus Cristo é nosso Rei. Ele nos governa com sabedoria e amor, conduzindo-nos ao bem e a justiça. Quem O segue conhece a verdade que vem do Pai e dá sentido novo à sua vida.

Tradicionalmente, o último domingo do ano litúrgico fala da consumação escatológica do mundo e da História. Neste ano, o tema central do Evangelho é tomado não de São Marcos, mas de São João, que coloca a figura de Jesus na plena luz da glória divina, que nele se manifesta. Assim, podemos ler em João, com clareza, o que em Marcos fica subjacente.


São João afirma claramente que Cristo é Rei, mas explica também que seu Reino não é deste mundo, e sim o Reino do testemunho da verdade, que é Deus, o Criador revelando-se em Jesus, na morte por amor. Pois é na sombra da Cruz que Jesus identifica seu Reino como testemunho da verdade. É na Cruz que Jesus é, por excelência, a “Testemunha fiel”, o “Rei dos Reis”.

Meus caros Irmãos, encerramos mais um ano litúrgico, porque temos a certeza de que neste ano em que o Evangelho foi o de Marcos, em tudo “demos graças e trabalhamos em nome do Senhor Jesus, para a glória de Deus Pai”.

Jesus, morrendo na Cruz pela nossa salvação e irrompendo a morte ao terceiro dia, inaugura um novo Reinado e uma nova humanidade, tendo santificado em si mesmo todas as criaturas, chamadas agora a participar de seu reinado, que é um reinado eterno e universal, de verdade, de amor, de justiça, de caridade e de paz.


Quando queremos coroar a Jesus como Rei de nossa vida, de nossa caminhada, de nossa Igreja, vamos pedir a graça de celebrar a Jesus como Rei do Universo e Rei de nossa vida, procurando pavimentar aqui e agora a vida eterna, prêmio e força que Jesus nos oferece. O binômio de santidade e de caridade nos pavimenta para junto de Deus.

Queridos Irmãos, Pilatos questiona no Evangelho de hoje: “Tu és o Rei dos Judeus?” (Jo 18,33) Jesus devolve a pergunta a Pilatos, indagando ao seu algoz se ele perguntava isso por si mesmo, ou porque outros disseram isso para ele. O Mestre explica que não é um rei terreno, com exércitos e com poderes passageiros. O Reinado de Jesus não é deste mundo, é sim um reinado com gostinho de céu, com gostinho de vida eterna, com gostinho de amor, um reinado de tranqüilidade e paz eterna.


Jesus, desde os tempos pretéritos, ou seja, desde os tempos do Antigo Testamento é o Rei Esperado como alguém animado pelo Espírito de Deus, capaz de trazer à terra a justiça, a verdadeira piedade, a paz duradoura, o serviço generoso e alegre, a solidariedade, a construção da globalização da partilha e do amor. A segunda leitura, retirada do Livro do Apocalipse, dá a tonalidade messiânica a Jesus, o Rei que ama o Pai e a nós pecadores com o máximo de amor, que para fazer a vontade do Pai e para salvar-nos derrama seu sangue, redimindo-nos, consagrando-nos e fazendo-nos reinar com ele (Ap 1,5-8).

Amados irmãos, O que é a verdade? Jesus disse hoje que veio ao mundo e que morreu em busca da verdade, para “dar testemunho da verdade” (Jo 18,37). Verdade no texto de hoje é a amorosa experiência do encontro com Deus, na busca da fidelidade a esse encontro, que a Sagrada Escritura chama de nova e eterna aliança. Jesus veio ao mundo exatamente para tornar visível para sempre o amor indefectível de Deus para com a humanidade e de recriar as coisas, estabelecendo um novo e inquebrantável relacionamento entre as criaturas e o Criador. Esta missão Jesus a confirma diante de Pilatos, ou seja, diante das autoridades do mundo, ao dizer que viera ao mundo para ser rei e dar testemunho da verdade.


Testemunha fiel ou testemunha da verdade são duas características que Jesus pede de cada um de nós neste domingo, sempre contando com a graça divina que quer de nós, homens e mulheres, santos e fiéis, caminhando para a vida eterna, inteiramente voltados para a vontade de Deus, para os homens, que é a felicidade e a santidade.


A verdade exige do discípulo e do apóstolo coerência entre práxis e vida: assim o discípulo deve ser como Jesus foi diante de Pilatos, ou seja, desapegado, simples, sincero, homem que repartiu e deu uma diretiva para o seu condestável: “Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz”. Voz que clama por justiça, por paz, por solidariedade, por caridade, por desprendimento, e, mais do que isso, por um compromisso com uma Igreja ministerial e misericordiosa, engajando-se cada vez mais na pastoral de conjunto e na pastoral orgânica.

Queridos irmãos,
Se Jesus é Rei, Ele precisa de um trono.
Qual é o trono de Jesus, portanto?

Não o trono da glória, mas o trono do sacrifício, porque o seu trono é a Cruz, lenho bendito de onde Ele reinou. Jesus caminhou serenamente para o seu trono que é a Cruz. Cada um de nós tem como meta à Cruz de Cristo, não a Cruz somente do sofrimento e da fadiga, mas a Cruz da Ressurreição, da vida eterna, do gozo sem fim.

Jesus não veio fazer concorrência com os reis e senhores desta terra. Jesus está acima de todos e todos e cada um lhe devem estar sujeitos, queiram ou não: “A Ele foi dado poder, majestade e império, e todos os povos, nações e línguas o serviram. Seu poder é um poder eterno, que nunca passará e seu reino jamais será destruído”.

No fim, “Ele entregará à infinita majestade divina este reino eterno e universal: reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, do amor e da paz”. Este reino tem início neste mundo e permanecerá na vida eterna, para sempre. Porque do trono da Cruz, do sepulcro vazio, “a Ele pertence à glória e o poder pelos séculos dos séculos,

Amém!”.

Autor : Padre Wagner Augusto Portugal ( Portugal)

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