17 de Setembro - Santo Alberto de Jerusalem - Legislador da Ordem do Carmo

Santo Alberto de Jerusalem 
Santo Alberto era natural da Itália, descendente de uma nobre família do ducado de Parma. Jovem ainda e com a preocupação de salvar a inocência, fez-se religioso e entrou para o convento dos Cônegos de Santo Agostinho, em Mortara, os quais, depois de alguns anos, o elegeram prior da comunidade religiosa. Passados três anos, foi indicado para bispo de Bóbbio.


A modéstia e humildade, porém, não lhe permitiram aceitar esta dignidade. Poucos anos se passaram e a vontade do Papa Lúcio III prevaleceu, nomeando-o bispo de Vercelli, e durante o espaço de vinte anos Alberto administrou aquela diocese. Rigoroso contra si próprio, era condescendente para os súditos; incansável no cumprimento dos deveres, era dedicado às obras de penitência, oração e caridade. Espírito muito conciliador, era Alberto o indicado para servir de árbitro em questões de litígio. Assim o imperador Frederico Barba-Roxa se valeu dos seus bons serviços junto à Sé Apostólica em Roma. Devido a sua intervenção, cessou uma antiga inimizade entre as cidades de Parma e Piacenza.



A fama de sua santidade tinha chegado até a Síria. Quando vagou a Sé patriarcal de Jerusalém, o clero daquela cidade concentrou os votos em Alberto para sucessor do Patriarca falecido. O Papa Inocêncio III não só aprovou a eleição, mas ainda insistiu com o eleito para que a aceitasse, fazendo-lhe ver que as condições em que se achava a Terra Santa, requeriam um braço forte, se não se preferisse o desaparecimento do cristianismo, diante da pressão fortíssima dos maometanos. Alberto, obediente à voz do Sumo Pontífice, entregou a administração da diocese a um sucessor, apresentou-se ao Papa e de Roma foi para a Palestina. Estando Jerusalém sob o domínio dos sarracenos, o bispo da metrópole, fixou residência em Acra. Antes de mais nada, procurou conhecer bem a situação da Igreja naquele país.


Com orações e jejum pediu a luz de cima, para acertar com os meios de socorrer a cristandade nas suas necessidades. Deus iluminou-o e abençoou-lhe nos trabalhos, de um modo palpável. Grande número daqueles que tinham abandonado a fé, voltaram ao seio da Igreja, e outros, transviados no caminho do pecado e do vício, contritos se converteram. A palavra, mas antes de tudo a santidade do bispo, fizeram com que gozasse do maior prestígio, não só entre os cristãos, mas ainda entre os inimigos da cruz, os sarracenos, o que muito concorreu para a situação da Igreja tornar-se bem mais tolerável.



Promulgação da Primeira Regra de Vida dos Carmelitas

Além dos trabalhos pastorais, incumbiu-se Alberto da redação de uma regra da Ordem do Carmo. Os Carmelitas eram eremitas, que moravam no monte Carmelo. Tinham por padroeiro o profeta Elias, que com os seus discípulos habitara no mesmo lugar. A regra que Alberto lhes deu, é um documento de sabedoria e prudência. Desde aquele tempo, começou a Ordem a tomar grande incremento.


Oito anos durou o patriarcado de Alberto na Palestina. Estimado por todos, surgiu-lhe um inimigo, na pessoa de um malfeitor, natural de Caluso, em Piemonte. Alberto, vendo o mau procedimento daquele homem, tinha por diversas vezes, por meios persuasivos, procurado afastá-lo da senda do crime. Mas, em vez de se emendar, a vida tornou-se-lhe cada vez mais escandalosa, chegando ao final o ponto de merecer a pena de excomunhão, com o que o patriarca o ameaçou. Exasperado com a justa energia do Prelado, jurou tirar desforra. Na festa da Exaltação da Santa Cruz, quando o Patriarca, rodeado de muitos representantes do clero, exercia as altas funções de oficiante do religioso, o criminoso penetrou no recinto sagrado e apunhalou-o. Alberto morreu quase que instantaneamente, pranteado pelos fiéis que o veneravam como Santo, isto no ano de 1214.


Regra de Santo Alberto

1. ALBERTO, pela graça de Deus, chamado a ser Patriarca da Igreja de Jerusalém, aos amados filhos em Cristo B. e demais eremitas que, sob a sua obediência, vivem junto à Fonte no Monte Carmelo, a Salvação no Senhor e a Benção no Espírito Santo.

2. Muitas vezes e de muitas maneiras os Santos Padres estabeleceram como cada um, qualquer que seja  o estado de vida a que pertença ou qualquer que seja o modo de vida religiosa que tenha escolhido, deve viver em obséquio de Jesus Cristo e servi-lo fielmente com coração puro e consciência serena.

3. No entanto, como vocês nos pedem que, de acordo com o seu projeto, lhes apresentamos uma forma de vida à qual, de agora em diante, devem manter-se fiéis.

4. Determinamos, em primeiro lugar, que tenham um de vocês como prior, que seja eleito para este serviço através do consenso unânime de todos ou da parte mais numerosa e mais madura. A ele cada um dos outros prometa obediência e se empenhe em cumprir de verdade, na prática, o que prometeu, juntamente com a castidade e a renúncia à propriedade.

5. No que se refere a lugares de moradia, vocês poderão tê-los em localidades solitárias ou onde lhes forem doados, desde que sejam apropriados e adequados à opção de sua vida religiosa, de acordo com o que o prior e os irmãos, mediante discernimento, decidirem.

6. Além disso, levando em consideração o conjunto do lugar que se propuseram como moradia, cada um de vocês tenha uma cela individual e separada, que lhe será indicada por disposição do próprio prior e com o consentimento dos outros irmãos ou da parte mais madura.

7. De tal modo, porém, que, num refeitório comum, tomem o alimento que lhes for doado, ouvindo juntos alguma leitura da Sagrada Escritura, onde isto puder ser feito sem dificuldade.

8. A nenhum irmão será permitido, a não ser com a licença do prior em exercício, mudar-se do lugar que lhe foi indicado ou trocá-lo com outro.

9. A cela do prior deve localizar-se junto da entrada do lugar, para que ele seja o primeiro a ir ao encontro dos que vierem a esse lugar; e, depois, todas as coisas que devem ser feitas aconteçam de acordo com o seu critério e a sua disposição.

10. Permaneça cada um em sua cela ou na proximidade dela, meditando dia e noite na Lei do Senhor e vigiando em orações, a não ser que esteja ocupado em outros justificados afazeres.

11. Os que sabem recitar as horas canônicas com os clérigos, as recitem conforme as disposições dos Santos Padres e segundo o costume aprovado pela Igreja. Os que não o sabem, recitem vinte e cinco vezes o Pai Nosso nas vigílias noturnas, com exceção dos domingos e dias solenes em cujas vigílias determinamos que se duplique o número mencionado,  de modo que o Pai Nosso seja recitado cinqüenta vezes. No louvor da manhã, porém, a mesma oração seja recitada sete vezes. Da mesma maneira, em cada uma das outras horas, a mesma oração seja recitada sete vezes, menos nas vésperas, em que devem recitá-la quinze vezes.

12. Nenhum dos irmãos diga que algo é prioridade sua, mas tudo entre vocês seja comum, e seja distribuído a cada um pela mão do prior, quer dizer, pelo irmão por ele designado para este serviço, conforme cada qual estiver precisando, levando-se em consideração as idades e as  necessidades de cada um.

13. Contudo, na medida em que alguma necessidade de vocês o exigir, lhes é permitido possuir burros ou mulos, e algum tipo de animais ou de aves para criação.

14. O oratório, de acordo com as possibilidades, seja construído no meio das celas, aonde, cada dia pela manhã, vocês devem reunir-se para participar da solenidade da Missa, quando as circunstâncias o permitirem.

15. Da mesma maneira, nos domingos ou em outros dias caso for necessário, vocês devem tratar da observância na vida comum e do bem-estar espiritual das pessoas. Igualmente, nessa mesma ocasião, as transgressões e culpas dos irmãos, que por ventura forem encontradas em algum deles, sejam corrigidas mediante a caridade.

16. O jejum, vocês o observem todos os dias, com exceção dos domingos, desde a festa da Exaltação da Santa Cruz até o Dia da Ressurreição do Senhor, a não ser que enfermidade ou debilidade do corpo ou outro justo motivo aconselhem dispensar o jejum, pois a necessidade não tem lei.

17. Abstenham-se de comer carne, a não ser que seja tomada como remédio em caso de enfermidade ou debilidade. E visto que, durante as suas viagens, vocês se vêem obrigados com maior freqüência a mendigar o seu sustento, para não incomodarem a quem os hospeda, fora de suas casas vocês poderão comer alimentos preparados com carne. Também será permitido comer carne em viagens marítimas.

18. Visto que a vida humana na terra é uma tentação, e todos os que querem viver fielmente em Cristo sofrem perseguição, e como o seu adversário, o diabo, rodeia por aí como um leão que ruge, espreitando a quem devorar, procurem, com toda a diligência, revestir-se da armadura de Deus, para que possam resistir às emboscadas do inimigo.

19. Os rins devem ser cingidos com o cíngulo da castidade, o peito protegido por pensamentos santos, pois está escrito: O pensamento santo te guardará. A couraça da justiça deve ser usada como veste, a fim de que vocês amem o Senhor com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças, e o próximo como a si mesmos. Sempre e em tudo deve ser empunhado o escudo da fé, com o qual possam apagar todas as flechas incendiárias do maligno, pois sem a fé é impossível agradar a Deus. O capacete da salvação deve ser colocado sobre a cabeça, para esperem a salvação unicamente do Salvador, pois é ele que libertará o seu povo dos pecados. E que a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus, habite abundantemente em sua boca e em seus corações, e tudo que vocês tiverem de fazer, seja feito na Palavra do Senhor.

20. Vocês devem fazer algum trabalho, para que o diabo sempre os encontre ocupados e não consiga, através da ociosidade de vocês, encontrar alguma brecha para penetrar em suas almas. Nisto vocês têm o ensinamento e o exemplo de São Paulo apóstolo, por cuja boca Cristo falava e que por Deus foi constituído e dado como pregador e mestre dos gentios na fé e na verdade. Se seguirem a ele, não poderão desviar-se. Ele escreve: Em meio a trabalhos e fadigas estivemos entre vocês, trabalhando dia e noite, para não sermos um peso para nenhum de vocês. Não que não tivéssemos esse direito, mas queríamos apresentar-nos como um exemplo a ser imitado. Com efeito, quando estávamos com vocês, demos esta regra: Quem não quiser trabalhar, também não coma ! Ora, temos ouvido falar que entre vocês há alguns que levam, uma vida irrequieta, sem fazer nada. A esses tais ordenamos e suplicamos no Senhor Jesus Cristo, que trabalhem em silêncio e, assim, comam seu próprio pão. Este caminho é santo e bom. É nele que devem andar !

21. O apóstolo recomenda o silêncio, quando manda que é nele que se deve trabalhar. E como afirma o profeta: a justiça é cultivada pelo silêncio. E ainda: no silêncio e na esperança estará a força de vocês. Por isso, determinamos que, depois da recitação das completas, guardem o silêncio até depois da Hora Primeira do dia seguinte. Fora desse tempo, embora a observância do silêncio não seja tão rigorosa, com tanto mais cuidado abstenham-se de falar muito, porque, conforme está escrito e não menos ensina a experiência: No muito falar não faltará o pecado; e, Quem fala sem refletir sentirá um mal-estar; e, ainda: Quem fala em demasia prejudica a sua alma; e o Senhor no Evangelho: De toda palavra inútil que os homens disserem, dela terão que prestar conta no dia do juízo. Portanto, cada um faça uma balança para as suas palavras e rédeas curtas para a sua boca, para que, não tropece e caia por causa de sua língua, numa queda sem cura que conduz à morte. Que, como diz o profeta, cada um vigie sua conduta para não pecar com a língua, e se empenhe, com diligência e prudência, em observar o silêncio pelo qual se cultiva a justiça.

22. Agora, você, irmão B., e quem quer que seja indicado como Prior depois de você, tenha sempre em mente e cumpram na prática o que o Senhor diz no Evangelho: Todo aquele que entre vocês quiser tornar-se o maior, seja o seu servidor, e quem quiser ser o primeiro, seja o seu empregado.

23. E vocês, os demais irmãos, tratem o seu prior com deferência e humildade, pensando, mais do que nele mesmo, em Cristo que o colocou acima de vocês, e que diz aos que estão à frente das igrejas: Quem ouve a vocês, é a mim que ouve; quem despreza a vocês, é a mim que despreza, a fim de que vocês não sejam condenados como réus por menosprezo, mas possam merecer por obediência a recompensa da vida eterna.

24. É isso que, com brevidade, lhes escrevemos com o intento de estabelecer para vocês a forma de conduta, segundo a qual deverão viver. Se alguém fizer mais do que o prescrito, o Senhor mesmo lhe retribuirá quando voltar. Use, porém, de discrição, que é a moderadora das virtudes.

Comentários

Unknown disse…
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Fabiene Machado e Luis Carlos - Dpto. Marketing, Comunidade Recado

Louvor e Alegria!!!

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