22 de Agosto - Imaculado Coração de Maria

Festa do Imaculado Coração de Maria
No dia 31 de outubro de 1942, data do encerramento solene do Jubileu das Aparições de Fátima, o Papa Pio XII enuncia, por meio de uma rádio, a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria atendendo ao pedido de nossa Mãe do Céu. Este gesto importante foi por ele renovado no dia 8 de dezembro do mesmo ano.

Em 1944, em plena guerra mundial, o mesmo soberano pontífice consagraria, igualmente, todo o gênero humano ao Imaculado Coração de Maria, colocando-o sob a Sua poderosa proteção. Durante a mesma cerimônia, o sumo pontífice decretou que a Igreja inteira celebraria uma festa, a cada ano, em honra ao Imaculado Coração de Maria, para que fosse obtida, por meio da intercessão da Santíssima Virgem "A paz das nações, a liberdade da Igreja, a conversão dos pecadores, o amor à pureza e a prática das virtudes".
Ele fixou a data desta festa para o dia 22 de agosto, oitavo dia da festa da Assunção.



Por Fim o Meu o Meu Imaculado Coração Trinunfará
Homilia do Cardeal Patriarca de Lisboa

Queridos peregrinos,''Foi assim desde o princípio. Logo na aparição do Anjo, ficou claro que tudo o que Nossa Senhora ia dizer, tudo o que Ela pedia, tudo o que ia acontecer na linha da conversão dos corações, só teria sentido porque partia da força do amor de Deus e se transformava em louvor de Deus, Trindade Santíssima, Pai, Filho e Espírito Santo.


Deus é sempre Trindade, mesmo que eu me aproxime d’Ele através da ternura de Maria, mesmo que eu a toque na pessoa do seu Filho Jesus feito homem comigo e tornado pão do meu alimento na Eucaristia, mesmo que eu O reconheça no coração dos meus irmãos. Ele é sempre Trindade. E só assim eu O descubro e O experimento como mistério de amor, fonte de amor, voragem de amor.


Há noventa anos, Nossa Senhora pediu aos pastorinhos que lhe fizessem aqui um templo, uma capela, uma igreja…. Um templo. Foi a primeira concretização material das recomendações da Senhora. Construiu-se, humilde, modesta, uma primeira capela a que o povo com ternura, desde o início, chamou a Capelinha, que aliás foi cedo vandalizada, alertando-nos que esta erupção do reino de Deus entre nós, que esta presença do Céu na Terra, que este desafio de amor, terá sempre quem O rejeite: ao mistério da piedade contrapõe-se sempre o drama do pecado.


Mas esse desejo da Senhora, de certo modo, completamo-lo hoje. A primeira concretização foi a Capela, a Capelinha como nós lhe chamamos, que ficou para todo o sempre a morada da Virgem na sua imagem primeira. É lá que a encontramos, é de lá que ela parte para peregrinar connosco, para receber as nossas saudações e o nosso amor, é lá que regressa sempre à nossa espera, é lá que a encontramos quando passamos, quando vimos, quando peregrinamos.


A seguir construiu-se esta Basílica que, não podia deixar de ser, era dedicada à Senhora com a designação que ela própria indicou: "Quem é Vossemecê?" perguntou-lhe a Lúcia. E Ela disse: " Eu sou a Senhora do Rosário". (...) Mas faltava o completar desta expressão do mistério de Fátima na realização deste desejo da Senhora: um templo, um santuário onde tudo partisse do Deus, Uno e Trino, onde tudo se transformasse em louvor do Deus, Uno e Trino.


A oração do Rei Salomão aquando a dedicação do Templo, o primeiro templo de Jerusalém. Os judeus acreditavam que ali vivia o Deus Santo, e o rei começa assim a sua dedicação: "Senhor, vós sois o Deus Santo e altíssimo. Como é que alguém sequer pode ousar, sequer supor, que Tu vens habitar no meio de nós, numa casa construída por nós?" E o rei faz uma prece humilde: "Ao menos Senhor, faz desta casa um sítio onde Tu vais ouvir com bondade, as orações dos teus filhos". Salomão ainda não previra toda a maravilha do desejo de Deus estar conosco.


Há 90 anos, o Céu tocou aqui a Terra: "Eu sou do céu", disse Nossa Senhora. Ela exprimiu, na sua missão de mensageira, a grande novidade de Nosso Senhor Jesus Cristo: Deus connosco, Deus como nós, Deus a habitar no meio de nós, Deus a desejar ser nosso íntimo, nosso amigo.


Sempre que eu ouço a sua palavra, é uma palavra de amor que me toca o coração, sempre que eu celebre a sua Páscoa, eu sinto ao vivo que naquele momento Deus irrompe na nossa história, irrompe na nossa vida, torna-se presente, um Deus amoroso, um Deus bondoso, um Deus que chega ao cume de exprimir o seu amor através do nosso amor humano, através de nosso amor de homens e mulheres com a fragilidade da nossa natureza e da nossa história.


Deus connosco; não basta saber que Ele existe, não basta recorrer a Ele quando precisamos, temos que abrir o nosso coração a este viver com Ele, fazer d´Ele o nosso íntimo, o nosso confidente, o nosso amigo.


Salomão não tinha visto tudo; sim, é possível, apesar da santidade infinita de Deus, que Ele habite no meio de nós. Aí, em cada um desses momentos, em cada uma de essas expressões de que Ele está connosco, manifesta-se o mistério do Deus amor, do Deus comunhão, do Deus voragem de amor, porque aquilo que caracteriza Deus é ser uma fonte intensíssima de amor que atrai.

A Santíssima Trindade exprime-se em Nosso Senhor Jesus Cristo: tudo o que o Senhor fez quando falava, sobretudo no alto da cruz, quando se oferece, é a Trindade e o amor trinitário que está a exprimir-se: "Pai faça-se a Tua vontade e não a minha". Mas nós estamos num santuário, construído por vontade de Nossa Senhora onde Ela nos aparece como uma das mais intensas presenças de Deus no coração de uma criatura, como Cristo, a seguir a Cristo.


S. Bernardo, fazendo uma homília sobre a anunciação do Anjo, diz que o Anjo foi enviado mensageiro do amor de Deus, de Deus Pai, e que vem com uma mensagem de amor porque o que ele diz a Maria é "Deus está encantado por ti". Mas diz S. Bernardo que o Anjo ficou muito admirado porque ele vinha de Deus com uma mensagem de amor divino e encontrou Maria envolta numa grande intimidade com o Deus que o tinha enviado. Esse é o mistério de Maria, uma resposta contínua, num coração humano, um coração de mulher, aberta à infinita atracção do amor de Deus.


Há 90 anos, Nossa Senhora deixou-nos uma mensagem, mensagem de vida, alerta para a actualidade do evangelho. Eu penso que o ponto chave que resume toda a sua mensagem é quando ela nos diz e promete "O meu Imaculado Coração triunfará". Porque o seu Imaculado Coração é a plenitude do amor de Deus Uno e Trino, no coração de uma mulher.


Ele triunfará se atrair, se tocar, se comover; ele triunfará em todos aqueles e aquelas que passarem aqui e partirem com o desejo da renovação da sua vida; ele triunfará quando aqui se suscita o amor; ele triunfará quando as nossas dissenções, as nossas desavenças, as nossas violências se transformarem aqui em desejo de harmonia e de paz.


"O meu Imaculado Coração triunfará" porque há-de triunfar o amor e essa, meus irmãos e irmãs, queridos peregrinos, é a mensagem deste dia, é a mensagem deste aniversário.


Nossa Senhora pediu aqui um Santuário, Capelinha, Senhora do Rosário, Igreja da Trindade, são apenas marcos físicos que acentuam algo de muito mais belo: é que em nós aqui reunidos, no coração de cada um de nós, Deus quer fazer o Seu templo, o Seu santuário e isso acontecerá quando nos deixarmos envolver pelo amor que Deus é. O Senhor disse um dia: "Eu, quando for elevado da terra atrairei todos a mim".


Essa atração passa hoje, esta noite, pelo coração d’Ela que nos comunica a mensagem, a beleza do amor de Deus. Façamos desta Vigília um momento de grande intimidade com Maria por Seu Filho Jesus Cristo, na unidade do Pai, do Filho, do Espírito Santo.

† JOSÉ, Cardeal-Patriarca

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