03 de Outubro - Festa de Santa Teresinha
"Não quero ser Santa pela metade, escolho tudo"
Santa Teresinha nos ensina a simplicidade da infância espiritual, a entrega a Deus de todos os acontecimentos de nossa vida na confiança de que Ele sempre caminha conosco em meio as nossas profundas limitações.
No dia 02 de janeiro de 1873 em Alençon ( França), nasce Maria Francisca Teresa Martin, que já é batizada no dia quatro deste mesmo mês na Igreja de Nossa Senhora, sendo sua madrinha a irmã Maria. Um dos fatos marcantes de sua infância, foi a morte de sua mãe, Zélia Guérin (28/08/1877), Teresa escolhe a sua irmã Paulina por sua segunda mãe. Outro fato foi a visão profética da enfermidade de sue pai Luiz Martin em 1879.
Aos doze anos de idade (03/10/1881), ingressa na Abadia das beneditinas como pensionista. No dia 13/03 fica enferma e no dia 25/03/1883, fica curada pela visão de Maria que lhe sorri por meio de uma imagem. Percebemos este aspecto de forma permanente na vida de muitos santos. A presença de Maria é algo que sempre nos estimula a vivermos a nossa vida cristã.
Um dos dias mais felizes da vida de Teresinha, foi sem dúvida o dia que recebeu Jesus na Eucaristia (08/05/1884), que aconteceu na Abadia onde ela estava como interna. No dia 14/06, recebeu o sacramento da Confirmação. Teresa sofreu muito por causa de escrúpulos, este foi um período muito difícil, que traumatizou muitas pessoas em relação ao sexto mandamento. Deus escolhe as pessoas certas para os momentos certos. Teresa irá sofrer muito de escrúpulos, mas vai nos deixar uma herança espiritual na misericórdia infinita de Deus. Suas irmãs Paulina e Maria entram antes dela no Carmelo.
Um fato interessante na sua vida, que comprova o efeito extraordinário da oração, foi o fato da condenação de um criminoso chamado Pranzini, que ela rezou pela sua conversão na última hora. Fato que foi confirmado por pessoas que observaram o momento em que o condenado beijou a Cruz que lhe ofereceram no momento antes de sua condenação. (...)
Aos quinze anos de idade, Teresa pede ao seu pai para ingressar no Carmelo, tinha pouca idade, consegue algo extraordinário. Numa de suas viagens com seu pai, pede pessoalmente ao Papa Leão XIII o seu ingresso no Carmelo, ele responde que Deus é quem sabe. E soube, no dia 09/04/1888, entra no Carmelo de Lisieux.
A formação carmelitana de Teresa não teve grandes novidades. A morte de seu pai lhe abala profundamente (29/07/1894). É interessante perceber, na vida de todos os santos, como está sempre ligada ao aspecto familiar, nós nunca iremos nos tornar santos em nosso isolamento. Nossa Santinha sempre teve um grande ardor missionário. Muitos foram os missionários que se beneficiaram com suas orações e sacrifícios.
No princípio de abril de 1897 ela cai gravemente enferma e no dia 30/09/1897 morre pelas 19:20 hs, depois de dois dias de agonia.
Vocação
A partir do que se observou na vida de nossa santinha, podemos afirmar que a experiência de Deus em sua vida passou por muitas fases, até chegar ao cume da total entrega ao seu amor misericordioso. Durante a sua infância, ela recebeu muitas instruções referentes a um Deus juiz, que observa a atitude de seus filhos, para depois castigar aos que não correspondem ao seu amor. Ainda hoje, muitos cristãos pensam da mesma maneira, vivendo toda sua vida cristã com medo do castigo eterno.
Como pode existir um Deus tão bom e tão “mal” ao mesmo tempo? Todas estas perguntas, Teresa fazia em seu interior. Ela sofreu muito com a partida de sua mãe ainda quando muito criança e outros fatos que lhe interrogavam sobre a bondade e a misericórdia de Deus.
Quando falamos em experiência de Deus, falamos de algo muito particular, que envolve todo o ser da pessoa. A visão positiva de seu pai sem dúvida, influenciou também na visão positiva de Deus. Nós experimentamos a Deus no nosso todo, não podemos isolar nenhum dos aspectos de nossa existência.
Apesar de toda evolução que passamos, a vida cristã hoje, não é muito diferente da vida cristã que viveu Santa Teresinha. Somos massacrados pelo individualismo que nos coloca numa dimensão muito distante do sentido profundo de nossa existência. Somos convidados a testemunhar um Deus presente em nossa vida e em nossa história. Os MCS estão nos bombardeando constantemente, somos jogados para bem longe de nossa verdadeira identidade de filhos de Deus.
A nossa vida é um “privilégio de Deus”, Ele nos escolheu para santificar-nos e santificar os outros. Será que vale a pena falar de santidade hoje? Será uma realidade totalmente distante da nossa? Santa Teresinha e os grandes santos se sentiram amados e é este SENTIR que deve ser a base de nossa experiência de Deus. Quais são as verdadeiras motivações de nossa vida? Experimentar Deus é buscar a santidade. Santo é aquele(a) que consegue o total equilíbrio no contato com Deus e com os irmãos dentro de sua realidade. É buscar constantemente a estabilidade de nossas profundas relações( Deus, Eu, Outros e o Mundo), dentro da constante instabilidade da vida.
“Se existo é porque sou amado”. Esta deve ser a base de nossa existência e podemos afirmar que foi esta a realidade marcante da vida de Teresinha. Precisamos criar uma nova sensibilidade para nos sentirmos amados e viver um novo dinamismo no amor. Todos os grandes místicos, chegaram num momento crucial que se entregaram para a oração a fim de terem certeza de qual era a vontade de Deus em suas vidas.
Doutrina da Infância Espiritual
Todos os grandes místicos da Igreja, nos deixaram uma grande herança espiritual, uma vivência de uma nova realidade do amor que Deus sente por cada ser humano. Como falamos anteriormente, Santa Teresinha viveu num período trágico da concepção sobre Deus. Era uma pessoa traumatizada pelo Jansenismo que acentuava um Deus juiz que castigava e observava todas as pessoas.
Depois de muita luta interior e reflexões, como fruto de uma oração profunda, Teresinha percebe claramente que a sua visão de Deus estava equivocada. “Deus é Amor”, este é o resumo da vida cristã. O que nos falta é uma total entrega ao seu infinito amor. Não podemos rejeitar o amor de Deus por nós, precisamos ser como as crianças que põem sua total confiança nos seus pais. ( Ex do guarda-chuva)
A infância espiritual de Santa Teresinha, não significa infantilismo, ou bestialidade, mas sim volta ao princípio de nossa geração, quando os seres humanos estavam em perfeita harmonia vivendo a sua real identidade. O homem individualizado e senhor de si mesmo jamais poderá saber algo sobre Deus.
Podemos afirmar em poucas palavras, que a infância espiritual é a capacidade de total abandono nas mãos de Deus, é não oferecer nenhuma resistência ao que Deus quer realizar em nossa vida. Se formos analisar o autor do Gênesis nos coloca o fato do pecado original como uma desconfiança de Deus, como uma busca de realização dentro do individualismo. Nós, muitas vezes queremos nos justificar e até procurar falsas idéias porque achamos que isto nos trará realização.
O relógio de Deus é diferente do nosso, por esta razão precisamos ser humildes para descobrirmos a vontade de Deus. Nós, vivendo no individualismo, jamais seremos felizes. Por mais tecnologia que tenhamos, sempre seremos necessitados de profundidade. (Ex da Bússola)
Podemos afirmar que a doutrina da Infância Espiritual, é uma doutrina de compromisso com o próximo. ”Sempre que me mostro caridosa, é Jesus que opera dentro de mim, isto não padece dúvida; quanto mais unida a Ele, mais amo todas as irmãs”( Hit. Alma Cap. IX). Não existe amor isolado da realidade, todo amor sincero é transformante da pessoa e do mundo que a cerca. O amor é manifestado em pequenos gestos. A espiritualidade de Teresinha está baseada na vida humilde:
Santa Teresinha e as Missões
O fenômeno Santa Teresinha, é para a história da Igreja e para toda a história da humanidade algo que nos impressiona e nos dá a certeza de que Deus continua atuando na história dos homens. O que percebemos de tão extraordinário na sua vida a ponto dela ser declarada padroeira universal das missões ao lado do grande São Francisco Xavier?
Em poucas palavras podemos dizer que o extraordinário que realizou Santa Teresinha foi o ordinário levado a uma dimensão sobrenatural de amor. A pessoa que se universaliza dentro do amor de Deus, passa a viver uma vida diferente, cheia de amor e compreensão pela problemática do homem. Ela desenvolveu um amor de forma que sentia-se Igreja. Oferecia tudo pela propagação da Fé. Sentia uma santa inveja dos sacerdotes e da sua possibilidade de oferecerem o Cristo vivo na Eucaristia.
Qual é a origem do termo missão? Os primeiros cristãos já no início da Igreja, perceberam que outras pessoas precisavam saber da Boa Nova trazida por Cristo, se sentiam interpelados a divulgarem a realidade da Ressurreição. A missão surge no momento que temos uma profunda experiência de Deus, sentimos a necessidade de divulgar a maravilha que nos acontece.
Todos os santos foram grandes orantes. É pela oração que podemos medir nossa ação, pois a verdadeira oração, segundo Teresa de Ávila, é a que nos faz crescer nas virtudes. Teresinha toma consciência de se entregar pelos pecadores ao ver um santinho de Cristo crucificado e perceber que seu sangue era perdido, daí decide colocar sua vida em favor deles.
Também ela será pescadora de homens. A intercessão dela por Pranzini, fará que se conscientize. Esta graça irá acelerar sua decisão de ingressar no Carmelo para orar e entregar sua vida pelos pecadores. Se o Senhor lhe deu Pranzini como filho, no futuro lhe dará muito mais. Isto muda totalmente a visão errônea que muitas pessoas tem da vida contemplativa que sem dúvida é um estado de vida mais importante para a manutenção da Igreja. A oração dos contemplativos é a maior alavanca para o desenvolvimento do cristianismo. (Ex do Sacerdote convertido).
Teresinha afirmou que iria ajudar muitas pessoas através de sua entrega a Deus nas pequenas coisas dentro da vida consagrada no Carmelo. O contato íntimo com Deus deu a ela um discernimento que lhe coloco cada vez mais numa dimensão universal de sua existência. Santa Teresinha sofreu muitas crises de Fé que ao serem vencidas lhe favoreciam cada vez mais a sua vocação. Precisamos diferenciar o ativo que nasce da pessoa que experimenta Deus e o ativista que é a pessoa que coloca a base de sua ação no aspecto ideológico.
“ O sofrer só existe em função do ressurgir” ( 24 anos: 15 na família, 09 no Carmelo e para sempre na eternidade intercedendo por nós).
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